
Muitas vezes usamos a expressão: "Me sinto culpado por ...". Em minhas reflexões tenho questionado a maneira como utilizamos essa palavra "culpa". Não acredito que ela seja um sentimento, simplesmente porque ela não se expressa através de sensações físicas, como os sentimentos realmente o fazem. Quando sinto tristeza parece que o corpo fica mais pesado, cansado.. Já quando sinto raiva, percebo uma tensão muscular nos ombros. Já com a culpa, percebo que não há uma sensação física, mas sim várias sentenças em minha mente me dizendo o que eu fiz de certo e de errado. Dessa forma, acredito que a culpa, se traduz mais em juízos moralizadores do que em sensações ou sentimentos. Claro, ela não deixará de nos trazer, como consequência, algum sentimento acompanhado. Mas aí é que está a diferença. Ela não é em si um sentimento. Mas ela, através do pensamento "Sou culpado por ter feito ...", origina sentimentos de raiva, tristeza, frustração e tantos outros.
Além disso, justamente por ela fazer parte de um rol de julgamentos morais sobre o que eu deveria ou não fazer, ela indica que estamos desobedecendo nossa consciência. Porém, como tenho visto, isso não é suficiente para mudarmos. O que nos faz mudar é o nosso desejo genuíno de fazê-lo atrelado ao sentido daquilo que estou fazendo ou deixando de fazer. Quando simplesmente digo que não posso ou não devo, eu coloco aquela barreira que sempre me impus, mesmo sem entender muito o porque. Na maioria das vezes faço ou deixo de fazer porque os outros disseram que eu deveria. E não por um impulso genuíno conectado ao que me é caro.
Assim, me parece que a culpa serve mais como uma forma de eu me punir ou punir aos outros, do que um sentimento.
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