comunicação

sábado, 26 de março de 2011

Segundos do Planeta

Estive eu na escuridão da Hora do Planeta, pensando um pouco sobre o nosso planeta. Aqueles minutos me serviram de inspiração para escrever. A Hora do Planeta é uma iniciativa que tenta alertar as pessoas para cuidar do mundo em que vivemos, através de um ato simbólico de apagar as luzes por 30 minutos numa determinada data, no caso hoje. Acho dez e participei, fazendo minha parte. Não pude deixar de pensar, entretanto, na questão: “Existe algum momento que não seja do planeta?”
Penso que essa pergunta, revela em parte, a minha frustração. Eu queria que pudéssemos ser mais conscientes a cada segundo, todos os dias, e não apenas em uma hora e que não precisássemos ter uma campanha maciça com bandas de música para que isso aconteça. É óbvio que não existe uma só hora do planeta, pois ele nos serve a cada momento de nossas vidas. Porém, somos cegos para isso. Cada escolha que fazemos é um ato de reverência para com o planeta, ou não. Deixar luzes acesas por horas, sem necessidade, deixar aparelhos ligados em peças da casa em que ninguém está presente, torneiras abertas, reciclar lixo, reflorestamento, coleta seletiva, todas esses gestos ainda estão fora de nossa rotina.
Gostaria de sugerir que em todos os segundos podemos saudar o que temos de mais precioso. Se escolho separar o lixo seletivamente, eis aí o segundo do planeta. Mas essa é a parte visível e prática da mudança de hábitos. Teoricamente, a mais fácil. Pois há outra parte, que eu considero ainda ‘mais fora de moda’ dentro das rotinas individuais. Aquela parte que semeia internamente a possibilidade de fazer escolhas que contribuam para o planeta. Que parte é essa? É a ‘parte’ que me torna mais aberto e mais sensível ao que ocorre em meu redor, e que me faz enxergar muito além do presente. É a visão sustentável do ser humano, e por conseqüência, visão sustentável do planeta.
Refrescar conceitos, comportamentos, pensamentos e palavras, são todas ações que contribuem para a sustentabilidade planetária. Naquele preciso momento em que vou dizer algo, posso pensar no quanto aquilo contribuirá para um ambiente, um mundo, uma relação saudável com o outro. O planeta é também as nossas relações. Já pensaram nisso? É a minha relação comigo, com outros, com os recursos que o mundo me oferece. Beber água ou refrigerante? É uma escolha que traduz minha relação comigo e com o mundo. Através desse gesto, posso pensar muitas coisas: qual o verdadeiro custo, de fato, para o planeta, está incluído nessa escolha?
E assim, podemos, a cada segundo pensar sobre cada escolha, cada relação. Que elas revelam sobre mim e sobre o quanto me importo com as conseqüências do que faço? Temos responsabilidades em nosso viver. Hoje, temos visto que viver nesse mundo tem seu custo. Os recursos não estão aí aleatoriamente, sem preço. Isso pode ser comprovado ao se pensar em questões, por exemplo, como enchentes, descongelamento de geleiras, camada de ozônio. Nossa saúde está pagando o preço de nossa desconsideração para com o planeta.
Da mesma forma que descuidar da nossa relação com os recursos planetários é prejudicial a todos, descuidar de nossa relação conosco e com os outros é igualmente perigoso. Todos pagamos o preço por esses descuidos. Hoje, lendo uma notícia no jornal, recebo a informação de que uma discussão num posto de gasolina entre um frentista e um cliente acaba terminando na morte do cliente após o conflito. Não é só a família dessa pessoa que sente essa morte. Eu sinto também. Cada um de nós sente, pois fica imaginando que as pessoas não são mais pessoas, mas algo como monstros. Não somos mostros, é claro, mas sim pessoas que esqueceram como lidar com as relações. Perdemos o senso de cuidado conosco e com o outro, por muitos fatores, mas um deles, talvez o principal, seja que nosso entorno não nos estimula a fazê-lo.
É disso que falo quando proponho que cuidemos de nossas relações em prol do planeta. E enfatizo: TODAS AS NOSSAS RELAÇÕES. Desde a relação com os animais, as plantas, a água, os alimentos, educação de nossas crianças e outros. Que possamos lembrar, sistemáticamente, que ter uma visão total de nosso sistema planetário é vital.
Resumindo, a hora do planeta não tem que ser matéria da mídia, mas um compromisso interno, individual e diário com o mundo.

Bom fim de semana a todos.

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